sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A simplicidade

Era uma vez... e tudo se iniciou como num conto de fadas relatando o impalpável. No começo - como é de costume - tudo se interliga de forma incoerente, mas apraz. É esse sentimento que, por muitas vezes machuca o ser, pois de início se percebe uma aceitação plena de determinada coisa e depois vê-se que aquilo um dia cogitado, era nada menos que um impasse ou atitude errônea, preste a ser, necessariamente reparável. Bom, nós, no começo começamos a pensar e agir de forma livre e passional. A razão, por sua vez, e como já foi contada, perde sua razão. É uma redundância absurdamente coerente. Por vezes deixamos o lado racional da coisa para fazer pelo passional e acabamos sofrendo o passinal inimaginavelmente. Então foi que começamos a falar sobre a vida que circundava o nosso convívio, veio-me aquele impacto ao dizer-me que minha atitude a cerca do gosto musical se implicava com a rotineira tendencia populacional. Fiquei quieto por alguns instantes, não por falta de palavras, mas pela perplexidade daquela efusão de posição diante de mim e apontando-me como um ser equivocado ou fora dos padrões - e como se fosse necessário que fossem seguidos - aqueles átimos de segundos me mostraram tantas coisas que poderia ser imprescindíveis no ato daquele princípio de discussão. A princípio assenti, meneando a cabeça, numa forma de protesto na concordância daquela ríspida ilógica. Centralizei meu olhar no sibilar dos lábios que reincidiam tentando argumentar ainda mais contra meus fundamentos sensacionalistas da música - coisas que apenas eu mesmo entendo. E chegou a cerrar com a idéia seguida de afirmação que a música popular brasileira estava no seu momento mais deteriorado - isso ele tinha razão, e quanta. Por vezes pensei e iria agir pelo passional, mas como era notória aquela forma de pensamento, referindo-me ao momento péssimo da mpb no Brasil, consenti com seu diálogo que se estendeu, depois de poucos segundos fechados para mim. O meu ato era apenas o de escutar, não quereria falar nada, pois ser-me-ia inútil naquela situação constrangedora e desafectuosa. Aquela forma de falar do mais íntimo de mim mesmo, sobre a música, talvez fosse um manejo dele para me impressionar. É o que acontece sem pudor, pelas pessoas, elas atingem aos outros, para depois dar-lhes consolo. Acho isso uma forma grotesca e animal brutal. Mas eu não iria ceder aquele clímax de espontaneidade dele. Deixaria falar mais, a música era latente em mim, era apenas uma política retificadora, por sua parte. Nada de influência mística, nem imposição déspota em cima de mim, até porque já me conhecia e sabia que não cederia por conta de argumentos infundados na ridícula e resumida qualidade de oratória que ele tinha. E ainda, uma péssima forma de tentar levar-me a convencimento. Houve seu tempo, e por conseguinte, finalizou-se dizendo-me: Não vais falar nada?. Fitei-o com admiração e disse-lhe: É, indiscutivelmente a forma mais pacificadora e apaixonante que tive me minha vida, uma forma inenarrável de tentar levar-me consolo pela sua ausência de investida em mim. Se querias me ter, pelo menos nessa noite, poder-me-ia ser sincero e falar de forma clara e concisa a despeito de tudo isso. Mas a imaturidade passional fê-lo agir sem a paixão, o que é pior do que quem age racional, sem a razão.
Silêncio. Houve o silêncio, tácito ambos. Era o começo de tudo... meu coração bateu com intensidade, pensei em tê-lo machucado. Ele olhava-me com um jeito insolente e profundo. Aproximou-se de mim, a mim que não estava a espera de nada, posicionou-se frente a mim e numa atitude brava e destemida, calou-me de forma honrada com o que eu tanto o atingia - a ausência de atitude, tornara-se a presença, juntamente com o silenciar dos meus lábios. Então, entendi realmente o que se forma diante de toda a especulação alheia.

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Quem sou eu

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Nasci em Recife, mas logo fui morar na cidade da Vitória de Santo Antão. Hoje, aqui, sinto que é uma particularidade íntima. Esse meu viver, minhas afinidades com essa cidade, transporta-me a outros mundos.''Sou a fusão do adulto maduro e o menino tenro''. ''Cogito ergo sum'' Escrevo desde os 16 anos e descobri na escrita um pedaço de mim, uma ânsia ardente e gostosa. Não reviso meus textos. Escrevo contos, romances, novelas etc.