segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O tempo do tempo.

O fim de tudo foi quando me reconheci. Eu estava sentado numa sala, retraído, absorto e de repente, repentinamente, coisa que só a realidade pode dizer a cerca de duas vezes o normal do que se repete. Mas, voltando a realidade, saindo-se da redundância abstrata. O fato de estar sentado, no sofá, a espera já era uma forma sólida de uma reconciliação. Era o momento certo, cheguei na casa daquela que me fez alvorecer por diversas vezes, onde meu coração encontrava-se na noite, soturno e que amanheceu, brilhante como uma luz vívida e apaziguada. Eu lembrava de muitos momentos, até porque seria uma falta de personalidade esquecê-lo. Por mais que a situação fosse controvérsia, por mais que estivéssemos distantes interior e geograficamente. Mas nesse momento de espera já se concentrava em mim uma forma calma e alegre, até porque haveria uma conversação fraterna para a resolução do que antes não o fora. O tempo escorria dos relógios e da vida. O que sentia, também. Às vezes me dava uma ânsia de voltar atrás e não ter falado com a mãe dela, a espera me desespera. Isso muitas vezes acontecia comigo, na verdade, pelo transitar do tempo em minha vida, entre o fato e a espera. Algo sublime me empenhava para manter-me naquela posição, como se honrasse a própria vida - isso, digo com precisão, pois subentende-se que o sentimento, amor, paixão, carinho por sua própria natureza já faz parte da vida e é interessante a relação que isso impulsiona no próprio carácter de viver. Olhando a casa - à toa - vejo uma foto, marcante. Era a foto que eu tinha tirado, não tinha, a mim, na imagem, mas havia certa conveniência dela ter colocado-a em um dos móveis da sala. Era uma vitória antecipada, pelo menos ela não seria inflexível. Ou quem sabe ela nem se lembre que fui eu quem a tirei. Olhei, - sem hesitar em recriar àquela atmosfera que outrora vivi - a lembrança era uma lembrança, um presente, uma dádiva. A música de alguma forma ecoava aos meus ouvidos, era a música do amor. Existia ainda amor naquele meu coração vagabundo que apenas queria a sua atenção. Escutei ruídos, era algo familiar e tão família que apareceu-me ela. Olhando-me com um olhar vítreo, daqueles que se indaga a presença abrupta de outrem. Olhou-me sem compromisso, um sorriso soltou. Era o começo de mim, era o começo do fato. Olhei-me por dentro, vi a necessidade de estar com ela, de tê-la comigo. Era o fim do começo, depois, muito depois foi que entendi o que significa o amor. Mas isso, foi-se depois.

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Quem sou eu

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Nasci em Recife, mas logo fui morar na cidade da Vitória de Santo Antão. Hoje, aqui, sinto que é uma particularidade íntima. Esse meu viver, minhas afinidades com essa cidade, transporta-me a outros mundos.''Sou a fusão do adulto maduro e o menino tenro''. ''Cogito ergo sum'' Escrevo desde os 16 anos e descobri na escrita um pedaço de mim, uma ânsia ardente e gostosa. Não reviso meus textos. Escrevo contos, romances, novelas etc.