'' Seu namorado já vai dando o fora
Levando os cobertores e agora?
Até o tapete sem você voou,
E nao tem mais nada, negro amor
As pedras do caminho deixe para trás
Esqueça os mortos, eles nao levantam mais''
Caetano Veloso (negro amor - It`s all over now, baby blue)
Sábias sao as palavras do Caetano na releitura da música e juntamente com a musicalidade do Bob Dylan! Incrível como isso se define em cada um de nós. Eu mesmo já chorei por amor, quantas e quantas vezes, mas sempre havia uma saída que permeava um campo florido e ensolarado, do qual eu me nutria para quem sabe, mais uma queda?
Pois é, a vida sempre nos ensina como saber vivê-la. É uma dádiva poder amar, mas um deslumbre poder sofrer. Se nós nao pudéssemos derramar lágrimas salgadas, o amor nós mataria pelo excesso de doçura. No entanto, precisamos das duas coisas para compor uma fórmula química que estabiliza o nosso ser. Pedras no meu caminho, já tive várias... já furei meu pé delicado de uma vida digna, mas soube olhar meu próprio sangue sem chorar por rios de lágrimas nem hesitar em continuar a caminhada. Já me perfurei de espinhos indelicados e grossos que chegaram até a penetrar meu pé de criança e a dor que eu senti? Alguém poderá reparar? Nao, nunca... eu a sinto até hoje se quiser, mas nao quero. Prefiro ser feliz e apagar a tristeza que compoe meu passado, porque sei que na hora certa eu a chamo. Lembro-me de quantos tapetes sem mim, voaram. Foram inúmeras vezes que eu caí de cena e a cena caiu. Eu entendia o meu papel naquele devido lugar, e com minha ausência, também a inoperância da coisa, mas muitos já tentaram me derrubar, e Às vezes eles conseguiam, até eu me reerguer..
Esqueçer os mortos? Todos que se foram já nao estao mais comigo. Eles nao vem me assombrar... O que passou, terminou, findou-se. Nao tenho mais necessidade de evocar o passado ou temê-lo, pelo simples fato de, talvez, errar? Nao! Eu sei de mim, sei da minha força frente a todo esse exército de pessoas sem sentimentos que a cada vez mais pretende ver à outrem na lama, no poço, invés de ajudar o outro. Diante de todo episódio, o amor já foi embora... e eu sabia que era amor, mas o deixei partir. Se nao fosse para ser meu, nao seria e ele foi como um pássaro captivo. Sem dores, sem dessassossego. No primeiro dia eu chorei, mas depois foi como se a saudade que me fizera chorar, desaparecesse do meu eu, porque eu sabia que o amor vivia em mim, ele nunca partira, assim como o namorado vai dando o fora da realidade musical...
E apesar de tudo, de todo o sofrimento e alegria, de toda vitória e derrota, sei que nao há mais nada a falar, senao dizer: e nao tem mais nada, negro amor. Pode ir... E quem sabe você me encontre numa praia deserta, onde o presente se encontra com o passado para formar o futuro. E lá se descobre o verdadeiro sentido de cada ato-fato-laços... - Montréal - três de Dezembro de 2009, 1:53 AM.
3 comentários:
Manoel eu estou perplexo com tudo o que você escreveu... sinto-me o seu texto, sinto como se sua palavras falassem por mim... alguns pontos nao compreendi perfeitamente, nao sou bom com figura de linguagem... mais subentende-se o que você quis passar. Tudo isso porem passa...é distinto para cada um de nos... certas coisas so entende quem passa, por mais que digamos estar compreendendo...ninguém sente o que realmente sentimos, mesmo tendo tantos ponto em comum...
Estou cansando de escrever sobre AMOR... nem eu sei mais o que sentimento... as vezes penso que estou ficando frio, seco... mais tento me ligar a realidade e nao ficar preso ao passado mais ele persiste em me atormentar. Mas estou aprendendo a mudar isso em mim... estou aprendendo a ser outra pessoa... escrever é tao bom, vocé é uma das pessoas que me inspira gracas a sua cultura invejável e suas postagens que me servem de espelho.
Fico sem ar, chego a me engasgar pela ausência de palavras diante de tão belas palavras tuas, datilografadas por tua alma...Obrigado por conseguir me drogar nos teus sentimentos,saindo de fora e mergulhando dentro...Parabéns por tamanha sensibilidade!
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