quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A possibilidade.

É nos contrastes da vida que encontramos o sentido reto para as coisas. Eu estava caminhando na rua quando por um instante despercebido colidi com outra pessoa que vinha as pressas. Minha cabeça estava baixa e não saberia me nortear até que levantei-a e vi uma menina tombando para trás. Redimiu-se e olhou abstratamente para mim como se quisesse ver-me a fundo. Percebi que era algo sublime ver aquele olhar que me enchia de felicidade. Novamente pediu-me desculpas até eu dizer-lhe que estava tudo bem para mim. Perguntei se havia se machucado, ela disse que não chegou a tanto, com um sorriso aplacado e sutil. Pontencialmente era gradativa a minha pressão arterial. Eu sentia algo peculiar dos momentos saborosos da vida. Algo que era escondido e que só se assomava numa circunstância quase transcendental. A vida passava-se como se num fio tênue que só poderia ser visto com algo interior. O olhar, o sorriso, tudo me fazia bem. Ficamos momentos em silêncio profundo, até eu perguntar-lhe como era seu nome. Respondeu-me com alegria que se chamava Isobel. Fiquei pasmo e a contemplar um nome diferente numa pessoa diferente. Não havia como sair daquela teia envolvente de cativo único. Eu quereria conhecer mais a fundo, mas uma vergonha tomava conta de mim a cada tentativa de passo dado. Se eu permanecesse naquela inércia, ela, logicamente, abandonar-me-ia embora se eu continuasse a conversar, poder-me-ia dissipar a este acanhamento? Tentei de tudo, olhei para o céu e vi um pássaro sobrevoar-me. Aquilo me lembrou uma antiga história infantil sobre a coragem. Investi. Cheguei ao total desespero, pois por parte aquilo me apertava em incidir para um aprimoramente de conversação e a terrível timidez que permanecia em findar tudo aquilo. Mas eu me arrependeria depois e isso era ainda mais aterrador. Ela era a menina de ouro que eu procurava? Fiquei atônito e ela me perguntou se eu estava com pressa. Fiquei sufocado pela euforia e respondi que não, estava apenas divagando pelas ruas. Com um grito constante dentro de mim, ousei vencer àquilo que me ofendia externa e internamente. Você quer tomar um refrigerante e comer alguma coisa naquela lanchonete? Cheguei glorioso no ápice do contentamento. Aquilo foi um fardo sendo posto no seu devido local, com magnitude e maturidade. Desafiei o que em mim estava fortificado com fortalezas, soldados, armas e até muralhas. Foi uma experiência única e bemvinda. Fiquei a pensar naquela trajetória toda até chegar aqui. Ela aceitou e fomos lanchar. Tivemos a tarde mais agradável possível. Aprendi a conhecer alguém que em mim faltava. Ela de fato ela, a pessoa a quem procurava. Tudo se tornava firme a cada delinear de palavra dado por ambos. O sentimento era mútuo. Felicidade era constante e o contentamento permanente. Mas o mais incrível é que sou galante, modéstia parte. Sou famoso por ficar com inúmeras mulheres, ter atitudes de jeito para conseguir àquelas que são formosas e muitas vezes agia pretensiosamente. Nunca hesitei em falar a nenhuma mulher o quão queria tê-la em meus lábios, em pegá-las, - e isso, atribuía de forma clara e coesa para muitas, por serem acometidas muitas vezes a condecorações como esta, sarcasticamente -, mas isso se concretizava quando eu estava na minha vida a qualquer momento e não sei porquê foi diferente com Isobel? O amor alterou-se? A forma como amar se manifesta diferentemente para cada pessoa? E por que diferentemente, se com todas eram a mesma coisa, não havia vergonha nem nada? Mas eis que descubro a essência fundamental das coisas. É amor que sinto pela Isobel, coisa de abrupto. Coisa que nunca senti antes, tudo é possível quando se tem a vertente de um começo de alguma coisa. Se nunca tive o amor, foi-me dado um dia em que o tive e o tenho.

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Quem sou eu

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Nasci em Recife, mas logo fui morar na cidade da Vitória de Santo Antão. Hoje, aqui, sinto que é uma particularidade íntima. Esse meu viver, minhas afinidades com essa cidade, transporta-me a outros mundos.''Sou a fusão do adulto maduro e o menino tenro''. ''Cogito ergo sum'' Escrevo desde os 16 anos e descobri na escrita um pedaço de mim, uma ânsia ardente e gostosa. Não reviso meus textos. Escrevo contos, romances, novelas etc.